Se há coisa com que não atino, é com o dress code das empresas. Antigamente era fácil: ou havia, logo era obrigatório andar de fato, ou não havia e cada um vestia o que queria e o que tinha.
Mas isso era demasiado fácil. O patronato hostil arranjou uma nova forma de repressão a que chamou smart casual. Criou portanto uma zona cinzenta em que, não dita as regras para não ser apelidado de antiquado mas, também não dá liberdade para cada um fazer a sua opção. O resultado prático disto?
Se fores trabalhar de fato é porque, ou tens a mania e os teus colegas não te gramam, ou vais a uma entrevista na hora de almoço e o teu chefe não te grama (e os colegas também não porque estão a tentar mudar de emprego há um ano e nem conseguem chegar à fase da entrevista).
Se fores de jeans, és um/a desleixado/a que não leva o trabalho a sério. Aí os teus colegas dizem que te gramam mas depois vão envenenar o chefe sobre a tua "falta de entrega" ao projecto. Em algumas empresas, as senhoras ainda se safam com as gangas se compuserem a coisa com uns sapatos ou umas botas de salto e se vestirem um casaquinho decente. Os homens nem pensar, é totalmente proibido.
Mas, mesmo trabalhando numa empresa destas, uma pessoa tem que ter uns fatinhos por causa das reuniões com pessoas que trabalham em empresas que não aderiram ao smart casual. Ou seja, em vez de guarda-roupa a duplicar, hoje em dia são necessário três tipos diferentes de indumentária.
Isto para já não falar da roupa para ir a casamentos, da roupa para sair à noite, da roupa para ir ao ginásio... a sério, onde é que vocês arranjam dinheiro para isto tudo?!
2 comentários:
a empresa onde trabalho é uma dessas "smart casual" sendo que o conceito curiosamente só se aplica às mulheres. aos homens está proibido usar jeans, e é obrigatório usar gravata, sempre. há algum tempo atrás, ainda pensaram introduzir um uniforme, mas rapidamente fizeram contas, e o uniforme seria apenas para quem está no atendimento ao publico, mas creio que voltaram a fazer contas, e afinal não há uniforme... cada um que pague as suas roupas, desde que respeite as regras... ou então pode enfrentar um processo disciplinar. é simples, não é? :)
Aqui há uns anos, a minha chefe chamou-me a atenção para a roupa que eu usava. Eu disse-lhe simplesmente que não tinha dinheiro para comprar roupa. Palavra puxa palavra, às tantas tive mesmo que lhe dizer algo como "se queres que eu me vista como uma doutora, tens que me pagar como uma doutora. Caso contrário, terei que continuar a vestir-me como uma mulher-a-dias. Certamente concordas que a despesa não pode nunca ser maior que a receita, certo?". Foi remédio santo. :)
PS: se bem que, os fatinhos C&A que ela usava eram bem mais foleiros que as minhas calças de ganga... mas enfim...
Milesaway
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